Os filhos, primeiramente, são quem notam o início da metamorfose: a mãe passa menos tempo em casa durante o dia, pegando o carro com mais frequência do que fazia. Volta com um sorriso no rosto que não viam há tempos. Quando as roupas começam a mudar, seu marido começa a notar – mas não com bons olhos. Acha estranho: para quem ela está se arrumando? Com que dinheiro está comprando essas roupas? Essas joias foram presente ou ela enlouqueceu e começou a gastar? Incomodado, começa a questionar. O que antes era um lar pacato começou a se tornar um campo minado de desconfianças. E ela, discreta, prefere continuar calada. Não quer causar intrigas.
De repente, Ana começa a descuidar do jantar: antes, 20h em ponto a mesa estaria posta; depois, às vezes atrasava, às vezes até pedia pra que cada um faça uma torrada para si. Chega tarde, falando mais alto do que falava em anos.